Redemocratização
Bravas Mulheres
As mulheres tiveram papel determinante na resistência democrática e na construção da história do partido.
O Movimento Feminino do MDB foi criado em 12 de agosto de 1969. Como militantes de base, dirigentes ou parlamentares, as mulheres sempre estiveram presentes, especialmente nos momentos mais difíceis da vida brasileira e partidária.
No RS, Grace Irigaray arregimentava mulheres a participar da política no MDB. Com voz poderosa, fazia a locução dos progamas eleitorais. Grace trabalhava no Arquivo Municipal de Porto Alegre e foi, por várias vezes, intimidada por suas posições políticas:
Todos os dias, a gente recebia ameaça de cassação. Então colocaram-me a trabalhar no Arquivo Municipal. Fui ‘arquivada’ para não aparecer muito.
Grace Irigaray faleceu em 2019, aos 93 anos, em Porto Alegre.
Nicéa Brasil, outra desbravadora, recorda-se nitidamente de onde estava na véspera do Golpe Militar. Sobre a resistência democrática, ela conta que, naquele período, as pessoas sentiam muito medo pela circunstância social. “Todo o corpo a corpo e as filiações se faziam à noite. A gente abrigava as pessoas perseguidas e ajudava vários a atravessar as fronteiras”, recorda-se orgulhosa de sua atuação em favor da democracia. No movimento feminino não era diferente.
Eu mesma tinha um medo terrível. Resisti porque já estava no embalo até que o (Pedro) Simon me intimou a assumir o Movimento de Mulheres do MDB. Fiquei uns dois anos.
A primeira deputada estadual eleita no RS foi Suely Gomes de Oliveira, empossada em 31 de janeiro de 1951. Eleita pelo MDB em 1971, Suely teve ao todo seis mandatos na Assembleia.
Em 1966, na primeira eleição do MDB, foi eleita pelo RS, Terezinha Irigaray (à época Terezinha Chaise), sendo a deputada estadual mais votada do país com 51.462 votos.
Eu representei todas as pessoas atingidas pelos atos institucionais. Eu era jovem, mas convicta de que era porta-voz de todos.
As mulheres estiveram presentes em todas as lutas pela reconquista da liberdade pós-1964. Entre essas lutadoras, estava Therezinha de Godoy Zerbini, casada com Euryale de Jesus Zerbini, general cassado por se recusar a apoiar o golpe que derrubou Jango e implantou a ditadura.
Em 1975, proclamado pela ONU como ano internacional da mulher, fundou o primeiro dos movimentos públicos em prol da Anistia.
Disse em depoimento:
Olha, em 1975, eu vi a rara oportunidade de começar um trabalho político firme e consequente. Foi o ano internacional da Mulher, que foi organizado pela ONU. Eles tinham como bandeiras: igualdade, desenvolvimento e paz. E nós levantamos a bandeira da Anistia como uma bandeira de paz, uma bandeira de paz e de direitos humanos.
A primeira coisa nós fizemos um manifesto da mulher brasileira pela Anistia. Então dizia: Nós, mulheres brasileiras, nesse ano internacional da mulher, lançamos um movimento que trará a Anistia como paz e concórdia e Unidade da nação.
Therezinha faleceu em 2015, em São Paulo, aos 87 anos.
Em 1988, embora não fosse numerosa a bancada feminina, foram conquistados direitos inexistentes até então em quaisquer dos textos constitucionais brasileiros, como a igualdade de direitos e proibição da discriminação.
Em 2022, o MDB lançou candidata própria à Presidência da República, Simone Tebet, senadora pelo Mato Grosso do Sul. A Senadora ficou em terceiro lugar no primeiro turno das eleições. Obteve 4.915.423 votos, 4, 2% dos votos válidos.
Referências:
PMDB RS. Revista Cinquentenário. Porto Alegre, 2016.
http://resistirepreciso.org.br/videos/therezinha-zerbini/
Faça o download desta publicação
Bravas Mulheres
Pres. da Constituinte, UG, participou do encontro PMDB Mulher dia 11/05/1988 no auditório Nereu Ramos na Câmara
Jornal da Constituinte No 49 - Página 15 - Pres. da Constituinte, UG, participou do encontro PMDB Mulher dia 11.05.88 no auditório Nereu Ramos na Câmara - Foto ADIRP Benedita Passos