Calem-se!
Voltem para seus lugares!
Em 1966, o MDB elegeu cinco mulheres para a Câmara Federal.
Igualmente, elegeu deputadas estaduais em vários estados.
Algumas dessas mulheres exerciam mandatos e carreira política próprios antes do golpe de 1964, outras, assumiram as bandeiras de esposos e companheiros cujos mandatos eletivos e direitos políticos haviam sido cassados.
Após a crise com o parlamento, em 1968 – a não autorização para que se processasse e cassasse o mandato do deputado Márcio Moreira Alves – que serviu de desculpa para a edição do AI 5 – todas as eleitas pelo MDB tiveram seus mandatos cassados e seus direitos políticos suprimidos por 10 anos, na Câmara dos Deputados e várias das deputadas estaduais tiveram o mesmo destino.
Pagaram um preço alto essas mulheres, contestaram por demais os valores dos senhores do poder, além de discordantes e ativas politicamente, não representavam o papel ideal a elas então determinado: não eram do lar, eram agentes políticas.
Essas cassações terminaram com a representação feminina oposicionista na Câmara Federal até as eleições de 1970.
Fontes:
KINZO, Maria D’Alva. Oposição e autoritarismo: gênese e trajetória do MDB (1966~-1974). São Paulo: Vértice, 1988.
LE GOFF, Jacques. História e memória, II volume, Memória, Lugar da História. Lisboa: Edições 70, 1982.
MOTTA, Rodrigo Patto Sá. Passados presentes: o golpe de 1964 e a ditadura militar. Rio de Janeiro: Zahar, 2021.
OLIVEIRA, Paulo Affonso Martins de. Atos Institucionais: Sanções Políticas. Brasília: Câmara dos Deputados, 2000.