Exercício da Democracia
Conquistadas as mais amplas liberdades democráticas e garantidos aos cidadãos brasileiros direitos e garantias fundamentais, com a promulgação da Constituição Federal de 1988, a tarefa do MDB não se esgotou.
Já em seu discurso como presidente eleito em 1985, afirmava Tancredo Neves:
Brasileiros: sabeis que os homens públicos não se fazem de especial natureza. Eles se encontram sujeitos à fragilidade da condição humana. Quando um povo escolhe o chefe de Estado, não elege o mais sábio dos seus compatriotas, e é possível que não eleja o mais virtuoso deles (…).
Ao nomear, com seu voto o presidente da República, a Nação expressa a confiança de que ele saberá conduzi-la na busca do bem comum.
Em 1992, avolumam-se as denúncias de corrupção e desvios das normas administrativas e de moralidade pública contra o primeiro presidente eleito diretamente após a ditadura, Fernando Collor de Mello.
A população, especialmente os jovens, vai às ruas para exigir sua imediata deposição do mais alto cargo do país. A campanha pelo impeachment toma conta das ruas e tem, inclusive, repercussão internacional.
Cauteloso diante das primeiras denúncias, temendo pelo regime democrático tão arduamente conquistado , Ulysses declarou:
Se querem atingir o Palácio do Planalto, cuidado, porque podem errar o alvo e atingir a República.
Apelou a Collor que renunciasse, foi violentamente repelido. A partir de então, diante da avalanche de denúncias, das provas irrefutáveis e da pressão popular, tornou-se o chefe civil do movimento.
Na presidência da Câmara dos Deputados, o deputado Ibsen Pinheiro (MDB RS) declara, ao receber o relatório da Comissão Especial destinada a dar parecer sobre a denúncia contra o Presidente da República por crimes de responsabilidade, oferecida pelos senhores Barbosa Lima Sobrinho e Marcello Lavenére Machado: “O que o povo quer, esta Casa acaba querendo”.
Referências:
GUTEMBERG, Luiz. Moisés, codinome, Ulysses Guimarães: uma biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 1994.