Redemocratização

Foi assim com a luta pela anistia, pela volta das eleições diretas em todos os níveis, com a eleição de Tancredo Neves e com a promulgação da mais democrática das constituições que o Brasil já conheceu, a Constituição Federal de 1988.

Em 1970, o partido sofreu uma derrota eleitoral extremamente grave. Não bastassem as cassações de líderes expressivos, como Mário Covas e Francisco Pinto, por exemplo, o partido enfrentava, internamente, a discussão sobre sua autodissolução e forte repressão a seus filiados e militantes.

Mas a crença na força das palavras e das ideias foi maior e mais forte. O partido, mesmo enfraquecido, lutou.

Em 1973, é lançada a anticandidatura de Ulysses Guimarães, cujo companheiro de chapa era Barbosa Lima Sobrinho, presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI).

Para Ulysses, as regras impostas pela ditadura precisavam ser desmascaradas:

(…) Eram grotescas demais para subsistirem (…) Mas nada aconteceria se não conseguíssemos desmoralizar a fraude do processo eleitoral indireto, baseado em casuísmos, ou seja, em regras mutantes que favoreciam as eventuais posições vantajosas da ditadura e desclassificavam a oposição independente  de sermos maioria. Era preciso criar uma antipatia visceral, fosse pela indignação, fosse pelo ridículo, fosse pelo nojo, fosse pelo que fosse contra a farsa eleitoral com que a ditadura mascarava sua troca de generais-presidentes.  Era por essa brecha que solaparíamos o sistema que parecia sólido e estável. Desde que assumi a presidência do MDB, jamais duvidei que esse era o caminho e, se o encontrássemos, tudo seria uma questão de tempo. Em 1985, conversando com Tancredo já eleito presidente, recordamos muito desses episódios para concordarmos, no final, que quinze anos de espera fora tempo demais.

Referência:

GUTEMBERG, Luiz. Moisés, codinome, Ulysses Guimarães: uma biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 1994.